No Brasil, existem muitos municípios que apresentam um patrimônio cultural rico, considerado a partir da quantidade de bens simbólicos representativos, diversificados, e com potêncial turístico, como é o caso de Vigia de Nazaré. A cidade de Vigia é repleta de bens culturaism materiais e imateriais, que contam a história e costumes de um povo, tais como: O Círio de Nossa Senhora de Nazaré, que vem a ser o mais antigo do estado do Pará; as Igrejas Madre de Deus (igreja Matriz) com uma arquitetura simgular no estilo barroco única no Brasil, possuindo 12 torres laterais, e Senhor dos Passos (igreja de Pedra), que não foi concluída por causa da expulsão dos jesuítas pelos portugueses; A pesca artesanal, que movimenta até hoje a economia da cidade; O carimbó, cultura indígena fundindo a dança e a musica, entre outras; vale ressaltar a tradição musical que é muito forte, representadas pelas Bandas de musica que são sinônimos da arte e da identidade cultural de Vigia de nazaré.

As bandas fazem parte não apenas do cenário cultural, mas da vida da comunidade, ao manterem vivas as tradições de Bandas de musica desde o Século XIX trazida e introduzida por uma tropa militar no periodo da cabanagem e pelas missões da companhia de Jesus (jesuítas), que tinha a incumbência de catequizar e educar os moradores da cidade. O povo de Vigia de Nazaré já tem as Bandas de Musica enraizadas em seus costumes, ou seja, entranhada na alma de seu povo. A primeira banda musical formada foi a centenária 31 de Agosto, fundada em 1876, sendo assim a segunda Banda mais antiga do Pará, atrás apenas da banda do policia militar. Além da 31 de Agosto, há também a banda musical União Vigiense, fundada em 1916 e a banda 25 de Dezembro, de 1925, que pertence a localidade de Porto salvo. Hoje na cidade há mais duas bandas que se formaram a partir de conflitos internos dos integrantes, que em outrora formaram-se do mesmo modo, assim surgindo à banda “Isidoro de Castro”, Homenagem ao compositor vigiense de “Saudade de Minha Terra”, banda oriunda da 31 de Agosto e o “Instituto Art Show” idealizado pelo ex-regente (José Vale) da banda “União Vigiense”.

Essa tradição musical peculiar que Vigia possui, lhe dar bagagem no cenário paraense e nacional participando de varios festivais de música, encontros de bandas paraenses, concursos de bandas nacionais, ressaltando que ao longo dos anos foram centenas de músicos engajados as forças armadas na condição de músico e atualmente a Universidade do Estado do Pará (UEPA) mantem o curso de Licenciatura Plena em Musica formando a terceira turma em 2012, ou seja, a cidade de Vigia de Nazaré ainda é e sempre será o berço da música paraense.

By: Cleyson Pitthy        

 

 

 

BREVE HISTÓRICO DAS BANDAS - REGIÃO DO SALGADO

BANDAS DE MÚSICA NA REGIÃO DO SALGADO

01-12-2013 12:13
BANDAS DE MÚSICA NA REGIÃO DO SALGADO   “A música é capaz de reproduzir, em sua forma real, a dor que dilacera a alma e o sorriso que inebria.”   Ludwig van Beethoven   A Região do Salgado compreende toda a extensão litorânea do nordeste paraense banhada pelo Oceano Atlântico,...

 

 

Histórias das Bandas de Música.

 

As primeiras bandas de música surgiram no Rio de Janeiro no Século XVIII e eram formadas por barbeiros na maioria eram escravos e as músicas tocadas nesse período em festas religiosas e profanas eram: fandangos, dobrados e quadrilhas.

 Em 1831, foram criadas as bandas de música da Guarda Nacional e em 1896 foi criada uma das mais antigas e famosas bandas de música do país, a Banda de Música do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, fundada por Anacleto de Medeiros.

Já no Século XX, as bandas de música foram consideradas uma das grandes manifestações culturais do país, pois se apresentavam em coretos. Nas bandas de música também surgiram muitos gêneros musicais e vários repertórios como: chorinhos, marchas e dobrados.

Sendo o orgulho da cidade interiorana, essas pequenas bandas formaram vários músicos profissionais e amadores, eruditos e populares, como podemos citar alguns deles: Patápio Silva, Anacleto de Medeiros Fundador da Banda do Corpo de Bombeiros do Estado de Rio de Janeiro e Altamiro Carrilho, entre outros.

Com o desenvolvimento da cultura de massa, as bandas de música sofreram um sério risco de extinção, e em 1976 a Funarte criou um projeto com o objetivo de realizar uma política de estado que possibilitasse o apoio dos trabalhos dessas bandas de música. 

Na cidade de Vigia de Nazaré na segunda década do século XX, nas tardes da quinzena nazarena, as bandas de música,  passavam e se instalavam no coreto.  Entre as bandas estavam o Clube Musical União Vigiense e a Banda de Música 31 de Agosto. Tocavam no coreto, uma embaixo e a outra em cima, se alternando com brilhantes repertórios, na qual o Clube Musical tocava as composições de Serafim dos Anjos Raiol Filho e dentre outros compositores.   Emanuel Ataide (2002) ressalta que:

                                     

Era uma vez na Vigia de Nazaré... Havia no arraial da Igreja Madre de Deus uma construção em alvenaria, dois pavimentos, formato de prisma, cônico no ápice, com escadaria lateral para acesso ao segundo pavimento... Aqui, no Coreto do Arraial, ficarão impressas para os presentes e legados à posteridade os fatos relevantes às coisas sagradas da Vigia de Nazaré. (p.10)

 

 

O surgimento da música na cidade de Vigia até a atualidade.

 

A cultura musical vigiense é um legado marcante das ordens religiosas no século XVII e XVIII. Com a celebração da Adesão do Pará à Independência, foram feitas várias solenidades na Vigia, com músicas nas ruas da cidade; essa manifestação denominava-se Tem Deum (festas populares), mas nesse período não há registro de existência de bandas de música.  

As bandas de música só aparecem nos registros a partir de 14 de março de 1836, pelo Comandante Militar da Vigia e Distritos na época da Cabanagem com uma tropa de 766 homens, sendo que no Batalhão de Infantaria, havia uma banda de música composta por dez músicos e um regente, depois dessa data apareceu duas bandas civis, a Banda 07 de setembro e a Banda Sebo de Holanda, essa última com uma curiosidade pela formação de meninos brancos. Ambas se acabaram com o tempo, não havendo outros registros.

Em 1876, o monsenhor  Mâncio Caetano Ribeiro tomou a iniciativa de reunir os músicos remanescentes das duas bandas extintas e formou a Banda “31 de agosto”,  nome sugerido pelo Dr. Francisco de Moura Palha em homenagem à data da adesão da Vigia à Independência do Brasil e em 31 de agosto de 1881 foi inaugurada oficialmente pelo professor Francisco de Moura Palha.

A Banda 31 de Agosto teve a sua primeira rival, a Banda 25 de novembro, fundada em 1883, e logo desaparecida ficando sem nenhum registro em Vigia no decorrer de sua história.

Existiram cinco bandas, sendo duas na cidade da Vigia e três nos seus distritos de Porto Salvo e Colares, até o ano de 1961, quando Colares desmembrou-se do Município de Vigia tornando-se Município, e com isso as bandas foram divididas três em Vigia e duas em Colares.

O Município de Colares torna-se autônomo em 20 de dezembro do mesmo ano, e na sua história e de suas bandas de música, sempre permanecem ligadas ao movimento musical da Vigia. Colares, não obstante a escassa população, com pouco mais de mil habitantes em sua sede municipal sempre contou com duas bandas de música, tal como o distrito de Porto Salvo haviam outrora duas bandas rivais a “7 de setembro” e a “Arcádia”. Ambas desapareceram dando lugar a uma terceira banda: a Banda “25 de Dezembro” fundada em 1968.

 

Ao ser desmembrado da Vigia, Colares também absorveu o distrito de Mocajatuba e assim mantêm hoje duas tradicionais bandas de música: a “Lira Nova”, de Mocajatuba, fundada em 15 de novembro de 1922 e a banda “ Prof. Luís Gama” na sede municipal, fundada em 30 de junho de1948.

 

Entretanto, muito antes no Compêndio das Eras de Monteiros Baena conforme Ildone (1991) ocorre uma referência ao compromisso dos padres mercenários da Vigia, quanto à instrução da juventude. Os padres ainda não tinham iniciado as prometidas aulas de ler, escrever e contar, e mais, de Língua Latina, Filosofia, Teologia e Solfa[1].

 

Para Ildone:(1991)

A música, portanto, fazia parte do programa educacional a ser implantado na Vila da Vigia... A ocorrência prende-se a uma reclamação da Câmara ao Governador José de Menezes, entre os anos de 1780 e 1783... Segundo informações de Vicente Salles dá ao nosso município, a primazia, entre todas as comunidades paraenses, em matéria de banda de música. (p.38)

 

A cidade da Vigia tem uma tradição musical riquíssima desde as ordens religiosas no século XVII e XVIII até a atualidade, o que mostra uma grande plenitude musical. Passou por turbulências nas bandas de música, na qual muitas vezes essas bandas tinham que ir buscar músicos emprestados de outras bandas para poderem se apresentar.

A cidade viveu o auge das festas carnavalescas nos salões das sociedades vigienses, com a participação da Bandinha Carnavalesca do Mestre Zota, na sede do Luzeiro, pois essa bandinha pertencia ao Clube Musical União Vigiense, e a Bandinha do Mestre Simi da Banda do Clube Musical 31 de Agosto.

Os tempos foram passando e a tecnologia foi tomando lugar da música na cidade da Vigia de Nazaré, evoluindo conforme os tempos, e as festas carnavalescas de salão, foram acabando e deixando o espaço para o carnaval de rua: das micaretas aos trios elétricos.



[1] Solfa é o estudo da música escrita e da arte de cantar as notas no pentagrama. 

 

Trechos do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) 

Prof: Marinildo Pereira da Silva